sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fotoesia

Fotoesia é o substantivo que dá nome ao produto: fotografia+ poesia.

Seu significado é simples e eu vou sempre fotosiar por aqui


e lá vai minha primeira pequena poesia ilustrada:





800km e o Xíngu


Sair de Barra do Garças para uma viagem longa, me lembra casa. Me lembra pegar estrada levando na mala vontade de abraço e cafuné na rede dado pelos dedos enrugados de minha mãe. Mas dessa vez não tem Bahia, não tem praia, não tem cafuné. Tem estrada e tem buracos também (e como tem), dessa vez a rota é outra, não que não seja boa, conhecerei o Xingu.

O Vale do Araguaia é imenso, Barra é só um pedacinho dele. Ainda tem muita estrada e   casais de araras aí pra riba, nos grotões do Mato Grosso. Parada rápida em Ribeirão Cascalheiras, uma avenida larga e única.  Única no sentido de ser a única, o comércio se espreme nas laterais  dessa única avenida, que é única.

Mais adiante, muito distante, pouso em Vila Rica, cidade bonita, com praça sem banco e pipoca de R$ 1,50. Mas se levar duas sai por R$ 2,50. Barzinho lotado. (Deve ser o point da cidade). Dito e certo, tá todo mundo aqui de prefeito à delegado.

A água é salobra, mas no calor, é a que tem. “Bebe e vamos embora”.

Mais sertanejo de raiz tocando no rádio. Lama e poeira se alternam, elas não sabem o que querem. Ora uma comanda, e lá vem o caminhão arrastando o túnel de poeira na nossa frente. Ora é a vez da lama feita da chuva que ninguém viu chover, sujar o para brisa, a porta, a roda e a janela.

Chegamos em Santa Terezinha, Comida gostosa e cara. Imagina na temporada?!

Índios Tapirapés na rua e o Araguaia bem ali do lado anuncia que jajá tem pôr do sol. Parada na escola da Torre, fotos. No mercadinho, o picolé à vista custa um real, à prazo é 1,50. Aceita conselho menino, honre tuas dívidas desde pequeno, compre à vista e saboreie cinquenta centavos a mais no seu bolso.

Acabou o asfalto, a placa já tinha avisado “fim do asfalto à 200m”. E pela frente vem mais poeira e lama brigando. Bem vindo  à São José do Xingu, capital do boi gordo!

Não sem antes um suspense na ponte de madeira. Mede a roda, será que passa? Tem que passar! Um pneu em cada tábua e vamos lá! São José nos recebe assim, o menino bem educado do restaurante avisa:  "Não temos cardápio, mas decorei tudo: Temos x salada, x bacon e x tudo, porções, sorvetes e caldos. Feito o pedido, mais alguma coisa senhor? Não, só o banheiro por favor!

Ali? Naquele buraco no chão? Sim senhora, bem ai!

Fico de cócoras para urinar, pelo menos a vez no buraco não é paga como nas rodoviárias, bem, pelo menos não explicitamente.  Nas ruas largas e ainda sem asfalto, vejo bicicletas por todos os lados. O lugar é bucólico, mas vejo poesia nisso tudo, assim como  vejo as fazendas de um verde cor de dólar que estão por todos os lados.  Para comprar, só se for à vista. No prazo só o picolé que ficou em Santa Terezinha.

Na volta, mais pontes  de madeiras em uma delas outra pausa. Dessa vez, pra alimentar os peixes com o bolo de arroz azedado comprado a boleira de Santa Terezinha. A viagem tá boa, mas aquela sensação de "quero  chegar" logo começa a invadir, de dentro pra fora.