segunda-feira, 9 de junho de 2014

As loucas teorias de Pedro,o garoto que queria ser negro

           
Pedro tem sete anos e vem de uma família branca. Vai a escola, brinca, tem amigos, tem um papagaio, um gato, um peixe e quer um filhotinho de Hamister de presente no dia das crianças.

Ele é daquele tipo de criança que possui uma imaginação um tanto rebuscada, daqueles que quando tem uma pergunta que você não responde muito bem, cria uma teoria maluca que responda. Um dia Pedro chegou em casa perguntando por que ele só tinhas dois braços.

- Mãe, por que agente só tem dois braços?

- Por que sim Pedro.

De todas as respostas possíveis, “porque sim Pedro” era a que ele menos suportava. Ele até gostava quando os pais inventavam uma história para responder seus questionamentos, mas o danado do “porque sim” ele não gostava de jeito nenhum mesmo.

- Mas mãe, eu queria ter seis braços, assim eu iria poder fazer tudo mais rápido, a senhora ia terminar o almoço mais cedo, o papai ia ter mais condições de pegar as coisas que ele deixa espalhadas pela casa.

- É, ate que seria uma boa ideia. Pensou a mãe feliz. 

- Então mãe se a gente tivesse seis braços  poderíamos fazer muito mais coisas e bem mais rápido.

A mãe deu de ombros, afinal o que poderia fazer? Pedro outro dia inventou uma teoria para o porque dos cachorros serem  considerados os melhores amigos do homem, uma para o porque a terra é redonda, outra para a razão da água não ter gosto, e outra ainda para o porque os peixes vivem na água. Todas elas muito certas e com completo sentido (na cabeça dele, claro).

Certo dia, Pedro pensou, pensou e pensou de novo e chegou a conclusão que queria ser negro. Ele estava sozinho em casa quando assistia televisão e em um programa mostravam o Michael Jackson, ele pensou que ele poderia fazer a transformação inversa. Ora, se Michael conseguiu ficar branco, ele também poderia virar negro. 

E quando o pai chegou em casa falou com ele  sobre sua decisão..

- Pai, eu tava pensando, e decidi que eu quero ser negro.

- Como que é meu filho?

- É pai quero ser pretinho, negro, sabe...

- Mas você não pode simplesmente ser negro a partir de hoje Pedro.

Era difícil explicar uma coisa dessa para um garoto comum, e para Pedro então, era impossível.

- Mas eu quero! Eu vi na televisão que os negros envelhecem mais devagar que os brancos, eu não quero ficar velho logo, e ainda por cima a pele negra é mais bonita, me lembra chocolate.

O pai agora tentava segurar um sorriso que escapava facilmente pelo canto da boca.

- Meu filho, essas coisas agente não escolhe nem muda, elas simplesmente acontecem assim. É coisa da biologia, da genética.

- Claro que não pai, o Michel Jackson virou branco e ele era pretinho antes.

- Sim, ele tinha uma doença meu filho, e era muito triste. Você precisa se aceitar da cor e do jeito que você é.

- Ahhhh! Poxa queria tanto virar negro! Mas ta bom, eu aceito ser branco. Fazer o que não é?

Pedro saiu e o pai soltou ar aliviado. Ele pensou na próxima teoria do filho, será que dessa vez ele ia querer cavar um buraco até chegar na china e virar chinês? Melhor, nem pensar isso, para não correr o risco do filho pescar o pensamento.

Infantilidade poética

Não sou esse nem aquele, sou qualquer um
 as vezes até eu me confundo
É que tudo muda, e eu fico tonta. Gira tanto esse mundo...
Deus colocou cada coisa no seu lugar,  a gente é que complica e fica querendo mudar
Quer colocar peixe na terra e macaco no mar.
Eu sou tantas coisinhas, sou pequenas gotas de chuva em dia de muito calor
sou o mar em Salvador,
no Rio sou o Cristo Redentor.
Todos os dias sou de uma cor, as vezes sou até incolor.
Muitas vezes quero dizer qualquer coisa e acabo rimando,
 eu juro,
Não é por querer, é que eu falo o que ando vendo e pensando.